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Nenhures

Nenhures

08
Ago24

Sublevação em Inglaterra

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(Oswald Mosley, retrato do artista quando jovem)

Na semana passada aconteceu um desgraçado ataque em Southport, tendo como corolário o assassinato de três meninas e ferimentos em mais algumas. De imediato explodiu o boato que teria sido um imigrante ilegal (um dos boat people que continuadamente atravessam o Canal da Mancha) muçulmano, recém-chegado ao país. Parece que não, o miserável assassino será um filho de imigrantes ruandeses (país maioritariamente cristão), nado e criado na Grã-Bretanha. Mas pouco interessa a verdade, o boato espalhou-se, fundamentalmente através da rede Telegram (a recomendada pelo ditador Maduro, esse tão do apreço de parlamentares portugueses). Impulsionadas por essa incessante "partilha" mentirosa, turbas de milhares de britânicos têm-se manifestado, violentamente, em várias cidades - e não são apenas os degenerados tatuados, típicos do velho holiganismo futebolístico e que tão emulados vêm sendo pela ralé ocidental, pois as imagens mostram gentes com, pelo menos, aparência de serem "peles limpas".

Opõem-se à imigração, perseguem imigrantes, atacam seus locais ou de requerentes de asilo, templos e albergues, preferencialmente se muçulmanos. E empresas ou escritórios associáveis a trabalhos com a imigração. A polícia britânica afadiga-se, há milhares de detenções, já condenações a pesadas penas de prisão para alguns dos vândalos. Musk, o histriónico Citizen Kane actual (e apoiante de Donald Trump, o golpista tão do apreço de parlamentares portugueses) apoia o disseminar dos boatos e a continuidade das "jacqueries" na Grã-Bretanha, anunciando uma "guerra civil".

No centro de Londres instituições universitárias alertam os seus alunos para particulares cautelas nos próximos dias. Para restringirem a sua mobilidade. Especialmente se forem muçulmanos. Ou mesmo apenas "não-brancos". Peço, com veemência, à minha filha para se deixar ficar em casa, mesmo que ela possa perfeitamente passar por inglesa.

Não fosse ela cruzar-se com a escumalha imunda que, entre desmandos violentos, urra "CHEGA! CHEGA!". Siamesa, mas mais rija, da corja que para aqui anda a excitar-se. Mais mansa, por enquanto.

04
Ago24

Sobre a Venezuela

jpt

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(Bogotá, frente ao consulado da Venezuela, 2.8.2024. Fotografias de Pedro Sá da Bandeira)

O regime de Chavez e seu avatar Maduro prolonga o estertor, na fraude eleitoral, sequestro de opositores, repressão generalizada. Governos de diferentes tendências na sua região repudiam os acontecimentos, da Argentina ao Chile, entre Uruguai, Costa Rica ou Peru. Aflitos com a degenerescência do gigantesco vizinho, exaustos com os contínuos fluxos de refugiados venezuelanos, outros governos à esquerda da região tergiversam, empurram a situação para "negociações". Fá-lo o México, sempre no sonho de grande potência regional para sul, também a Colômbia, onde um frágil e fragilizadíssimo presidente Petro se mascara em laivos de vínculos ideológicos, fá-lo até o Brasil, onde o tão típico Silva se aprestou a sufragar a fraude maduriana, para logo matizar, prestando-se à rábula "negociadora". Por cá na Europa há ainda quem defenda Maduro - às escâncaras o nosso PCP brejnevista, os "Podemos" vizinhos, e mais alguns proto-brigadistas Europa afora, para além do húngaro Orban, que alguns intelectuais fascistas tanto vão louvando.

Hoje sairá o povo à rua na Venezuela - se as "revolucionárias" forças de segurança deixarem. E alhures também. Deixo aqui eco de pequena manifestação  já ontem ocorrida em Bogotá, congregando venezuelanos ali refugiados. Hoje, sábado, muitos mais sairão, em associação com as manifestações no seu país. E serão acompanhados pelos colombianos, pois a oposição não só os apoia, repudiando o "silêncio" inactivo de Petro, como cavalgará a situação para contestar o actual poder.  

As fotografias são do meu querido amigo Pedro Sá da Bandeira - veterano fotorepórter do "Record" e da "Lusa", entre outros, trota-mundos, e que agora vive em Bogotá, calcorreando aquela região. Sempre de máquina em punho.

31
Jul24

A Abertura dos Jogos Olímpicos

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Não acompanhei o festival de abertura dos Jogos Olímpicos, dei-lhe alguns soslaios durante o fim de tarde no café. Notei que chovia imenso, o grande Zidane e o grande Nadal, e nem etc. e tal. Alguém me disse, meio surpreso meio escandalizado, que o músico Snoop Doog carregara a tocha olímpica - na senda de Olivia Newton-John que também o fizera in illo tempore, tal como mais alguns outros músicos esquecíveis e esquecidos. Surpreendi-me mesmo, pois nunca ouvira falar desse artista.

Depois li que a organização se desculpou, devido aos imensos protestos com um trecho, aquilo de terem posto uns mariolas transformados em mulheres histriónicas a glosarem os apóstolos da "A Última Ceia". O encenador Jolly, atrapalhado, veio afiançar que não se tratava disso, remetendo a influência para um qualquer "olimpismo", clássico. Está-se mesmo a ver que não foi o caso, é evidente que Jolly e sua equipa se grisaram imenso a meter @s drago@s ao barulho naqueles preparos.

Um tipo pode lembrar que os JO são (isso sim, desde os tais clássicos) um período de suspensão, tréguas. E que assim Jolly e Cia podiam ter dado tréguas aos católicos. Como deram aos judeus - dos quais há tanta tradição em França que até os vêm perseguindo, não só em célebre "affaire" como até também ajudando os primos alemães a levá-los para leste do Hexágono (assunto que não foi abordado no festival, ao que me parece, que foi mais atento aos nobres guilhotinados). E como deram aos islâmicos, que também os há em França, ao que consta.

Mas estas indignações por cardápio também têm muito que se lhes diga. Os tipos da "Charlie Hebdo" foram massacrados por este tipo de "ofensas", implacáveis que eram (e são). E muita gente se esquece que em democracia não há o direito de não se ser ofendido. Pode-se é dizer, como o Diácono Remédios dirá, "não havia necessidade...".

31
Jul24

O PCP e a Venezuela

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O Partido Comunista Português é agora um pequeno partido português, decadente. Tem quatro deputados eleitos: Paulo Raimundo (o seu secretário-geral), Paula Santos, Alfredo Maia. E António Filipe - esse que chegou a ser presidente da AR, patética iniciativa simbólica no primeiro dia desta legislatura, dado ser o decano do parlamento vigente. Personalidade política execrável, como patenteou no seu apoio constante, sarcástico, inumano até, à invasão russa da Ucrânia. E que tão louvado foi quando nas penúltimas legislativas até surpreendentemente não foi reeleito, coisa dos ademanes da corporação vigente no "campo político". Estes quatro indivíduos (Raimundo, Santos, Maia e Filipe) acabam de produzir este texto sobre as eleições deste fim-de-semana na Venezuela, absolutamente laudatório do regime de Maduro.

A propósito da actual situação eleitoral troquei ontem mensagens com amigos residentes nos países vizinhos. Digo-lhes sobre este texto. Do Brasil, saído de um encontro com estudantes de ciências sociais venezuelanos ali refugiados (que não constituem um núcleo da "extrema-direita", com toda a certeza), um amigo e colega espanta-se com o rumo das gentes da Soeiro Pereira Gomes. E logo me envia um texto com a posição dos comunistas venezuelanos, linearmente avessa à manipulação do regime de Caracas.

Entretanto a missão de observação eleitoral da Organização dos Estados Americanos (OEA) repudia o processo eleitoral. Na vizinhança os países reagem, de forma matizada, o que é normal face à complexidade da situação e às articulações internacionais. Os governos ditos de "esquerda" também têm posições diversas: no Brasil Lula da Silva é Lula da Silva, e já sufraga a situação; mas o Chile de Boric refuta o processo, originando conflito diplomático, e convulsões políticas no seu próprio governo (Boric tem um governo de coligação no qual está o PC chileno); enquanto em Bogotá Petro mantém o silêncio. No país há contestação popular, violentamente reprimida, e Maduro afirma os manifestantes como "drogados e mercenários". As forças armadas do país suportam o regime e denunciam o "golpe de Estado mediático". E, sempre sinal bem denotativo, não há manifestações de júbilo pela vitória.

Nada disso - a realidade, as características do regime de Maduro, a fraude em curso, a sua via repressiva e âmago  cleptocrático,  as próprias declarações dos seus congéneres e camaradas venezuelanos - conta para os 4 deputados do PCP, Raimundo, Santos, Maia e Filipe. Não seguem qualquer "coerência" ideológica. Nem têm - como pequeno partido de outro continente - quaisquer preocupações geoestratégicas. São apenas o que são, boçais. 

14
Jul24

Presidenciais americanas

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Donald Trump Holds A Campaign Rally In Butler, Pennsylvania

Na sexta-feira a crudelíssima capa da "The Economist" (o "idadismo" é a única das "discriminações" que o folclore identitarista esquerdista ainda aceita). No sábado a outra fotografia.

"Trump já ganhou", noite afora whatsappei a um amigo. "Disparado", respondeu, fulgurante.

08
Jul24

O Determismo Reducionista

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Através das "redes sociais" (pérfidos instrumentos de alienação, como adiante se verá) dois amigos enviam-me declarações de teor político emanadas agora por três romancistas. Um enviou-me o texto no "El País" com breve entrevista de Michel Houellebecq sobre as eleições francesas de hoje, na qual ele - enquanto, até distraidamente, deixa cair o seu sentido de voto avesso ao pacote lepenista - se declara "pessimista e resignado" e avança, ainda que num registo conversacional algo superficial, algumas causas sociológicas para a complexa deriva francesa.
 
Outra amiga, cruel, enviou-me o "Expresso", em óbvio convite para que eu lesse os artigos de Miguel Sousa Tavares e Clara Ferreira Alves, que há décadas acompanham os nichos de classe média leitora do semanário. São duas, longas (estes colunistas têm direito a página inteira), bojardas, ignaras, nisto até indignas. Pouco francesas, dir-se-ia se comparando com o exemplo anterior. Aquilo a que décadas atrás, quando se discutia o efeito do marxismo, se chamava "determinismo", "reducionismo economicista (tecnológico)". Os dois "fazedores de opiniões" dos licenciados lusos de meia-idade e seniores, abordam as eleições mundiais actuais, atribuindo a viragem "à direita" à perniciosa e malévola influência das redes sociais, à instrumentalização executada pelos seus magnatas. CFA centra-se no debate presidencial americano e vê o evidente colapso democrata como causado pelos tais magnatas - nem um caractere sobre as características do plutocrata sistema político americano, sobre a sua socioeconomia, sobre a degenerescência do partido democrata, sobre a sua incapacidade de gerar em XXI candidatos e ideários. Pois a "culpa" é das redes sociais.
 
MST insurge-se contra este generalizado "Triunfo dos ressabiados". Diante deste seu título logo me lembro de quando há uma década voltei ao país e encontrei esta constante utilização por parte dos socialistas e seus compagnons de route. Todos nós, que vozeávamos contra o miserável socratismo e a cáfila dos seus apoiantes, éramos ditos "ressentidos" e "ressabiados" - um antigo meu colega e, depois, chefe, teve até a descarada lata de cortar relações comigo, por razões "políticas", usando esses termos. Ou seja, todos os que nos opunhamos a este lamaçal antidesenvolvimentista sofreríamos de doenças de foro psicológico, por causas psicóticas (o "ressentimento") ou orgânicas (o "ressaibo"). Era - e essa escumalha socratista, estadodependente, nem o percebia - a tradução lusa, nos nossos propalados "brandos costumes", da velha prática soviética: os "dissidentes" eram doentes psíquicos e deviam ser internados em hospícios.
 
E MST vem agora preencher mais uma das suas páginas de "Expresso" com estes disparates, tão queridos dos tais leitores "classe-média". Aborda um feixe de eleições recentes (e manipula tanto que foge a referir as últimas eleições britânicas que não lhe dariam jeito ao ditirambo), funda os seus resultados no "algoritmo" das redes sociais, atribui a "viragem à direita" à ignorância dos povos, dos jovens e, claro, ... à ultrapassagem da mediação dos jornalistas. Ou seja, antes é que era bom, reinava a "iluminação" global.
 
Entretanto os imbecis, licenciados, continuam a comprar esta tralha "Expresso". E, pior, a ler estes "intelectuais" da treta. E consomem os produtos que publicitam no douto semanário.
 
E nós outros, "ressentidos" e "ressabiados", chafurdamos, orgásticos, sob o Algoritmo.
 
(Adenda: nesta segunda-feira, e diante destes dois textos dos conhecidos colunistas e comentadores televisivos, apetece perguntar o que terá acontecido ao Algoritmo britânico - na quinta-feira - e ao Algoritmo francês - ontem, domingo. Enfim, como a realidade mostra a vacuidade destes textos).

02
Jul24

A Ralé Britânica

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A BBC, que não é um tablóide mas sim a estação pública da pérfida Albion, esse decrépito e abjecto antigo império de onde vem essa ralé turística, tatuada e bêbeda, decidiu-se gozar com o grande atleta e nosso ídolo CR7, chamando-lhe "Misstiano Penaldo". Abandalhar um atleta numa falha é uma vergonha. Sendo uma estação de serviço público é miserável.
 
Isto é mesmo o exemplo da célebre "fleuma britânica". Ou seja, da arrogância daqueles imundos bárbaros, que nem os romanos conseguiram civilizar. Seria bom, desejável, que pelo menos durante dois ou três dias a escumalha britânica que cá anda em veraneio não fosse servida em bares e restaurantes. Que fossem confinados aos kebabs e quejandos que por cá pululam. E que a razão para tal lhes fosse explicada, naquele profundo e singelo "Fuck off". E isso serviria para nos mostrar - até fazer - menos servis. Até porque "contra os bretões marchar, marchar," sempre!

30
Mai24

As Tâmaras Azedas de Beirute

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O Craveirinha tinha como data de aniversário o (para nós) peculiar 28 de Maio - e isso foi agora recordado. E lembrei-me da última vez que com ele falei. Estava eu na Alfredo da Costa para buscar a recém-chegada Carolina e sua mãe, levando-as para casa, nós encantados e atrapalhados naquele novo estatuto paternal. Pressentindo a azáfama que se seguiria, telefonei-lhe para Maputo ainda do corredor da maternidade, era o seu 80ª aniversário! Foram breves palavras, saudações mútuas, ele convocando a felicidade futura da pós-nascitura, eu aventando-lhe "muitos e bons". Mas não foram... Fiquei uns meses por cá, quando regressámos foi a correria esperada, a rotineira e a de recuperar o que entretanto não se havia feito. Depois soube que estava doente, encolhi-me num "não vou incomodar".
 
Hoje é o dia do "Corpo de Deus". Pouco (me) importam as questões da fé alheia, suspendo o sorriso diante destes feriados religiosos flutuantes, que sempre me parecem inspirações astronómicas em tempos ditas paganismos. Apenas recolho o que me é relevante, noto a festividade como um dia em que os crentes se congregam para convocar o bem. E no qual os incréus seguimos repousando, nisso plácidos. Mais pacíficos do que na labuta. Ou seja, é um dia para o bem no mundo.
 
E por isso me lembro do mais-velho Zé Craveirinha. Em particular de um poema dele. Não o que sinta como um cume da sua obra. E sem que partilhe do simbolismo invectivador que convoca. Explico-me, de antemão: desagrada-me a ideia de serem os judeus (ou israelitas) arvorados em "povo escolhido", nisso com responsabilidades especiais. Ou seja, que o sofrido às mãos nazis (e sob tantas outras, já agora) os obrigue a uma maior benevolência. Pelo contrário, têm o direito de serem como todos os outros povos: e assim péssimos. E os outros, nós neste caso, têm o dever de os aplacar, controlar. E também não vou perorar sobre as causas do "conflito israelo-árabe", que não faltam palavrosos sobre isso, que o anseio fetichista de "tomar partido" é pandemia vigente.
 
Mas há muito que é evidente que os israelitas perderam a tramontana: "Are you out of your fucking mind?", resmunguei em Novembro, pois resmungar é única coisa que um tipo pode fazer. E assim, neste dia para o bem, transcrevo o poema do Craveirinha, escrito no rescaldo de uma sua visita ao Líbano - e que o Nelson Saúte juntou à sua excelente antologia de poesia moçambicana "Nunca Mais é Sábado" (D. Quixote, 2004):
 
Tâmaras Azedas de Beirute
 
 
Plagiando a "blitzkrieg" dos seus saudosos tempos nazis
soldados judeus em apropriados dromedários de aço
de nefastas patas blindadas
assolam o Líbano
E MATAM!
 
Dedico a minha solidariedade aqui mesmo em Maputo.
Sirvo-me da máquina de escrever e da minha insónia
e um sobrevivente palestino na tenda metralhada
ouvindo esta mensagem certamente ficará
grato pela minha camaradagem moçambicana
mas não terá nas suas mãos crispadas
nem sequer uma espingarda a mais
contra as semíticas automáticas
do inimigo.
 
Neste papel estarei quite com a minha consciência
mas as crianças assassinadas terão outra vez vida?
E as tâmaras azedas de granadas deflagrando
serão novamente tâmaras doces
nos desfeitos lares
de Beirute?

10
Mai24

A Rússia e África

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Putin espera "maior coordenação" com Moçambique no Conselho de Segurança da  ONU - SIC Notícias

Desde os meus tempos de petiz que foi evidente a minha inabilidade para as artes plásticas. A falta de talento terá também convocado a amargurada desmotivação. E tudo descambou, a ponto de no 8º ano ter chegado ao ponto - inusitado - de reprovar na disciplina de "Educação  Visual", notícia recebida pelos meus pais com notório desencanto. E devido a esse meu défice sempre me ficou vedada a opção de rematar debates com o sacrossanto posfácio "percebeste, ou queres que te faça um desenho?", tantas vezes necessário, principalmente quando se trata de explicar o óbvio, este para alguns tão difícil de apreender.

Sinto-o, recordo-o, agora, quando vários amigos - prenhes de verrina, até sádica (como já aqui lamentei) - me cutucam com a notícia de que a Iniciativa Liberal convocou o ministro dos Negócios Estrangeiros para que se apresente na Assembleia da República, explicando o que vai fazer face às negociações aproximadoras entre a Rússia e países africanos membros da CPLP. Enviam-me a notícia com comentários e invectivas, tipo "olha os teus amigos da IL", e imagino-lhes os sorrisos sarcásticos enquanto teclam. Sabem eles, e por isso me gozam, que louvei - enfaticamente - a intervenção parlamentar que há meses a IL fez relativamente às problemáticas eleições autárquicas em Moçambique (em 26.10.23 e em 30.10.23). Tal como, e já agora recordo-o porque  vem a propósito, muito louvei a intervenção no Parlamento Europeu que o agora ministro Paulo Rangel fez, relativamente aos conflitos no norte de Moçambique (18.9.20 e 3.10.20). 

Acontece que também sabem eles, esses meus amigos - e até eu o sei, caramba - que é pertinente uma intervenção parlamentar (em cenário nacional ou internacional), sonora, apelando à conjugação de esforços para obstar a situações de facto gravosas em contextos alheios, servindo isso para reforçar nossas iniciativas nacionais e tentando induzir posições alheias. E que é completamente diferente - impertinente, entenda-se - uma intervenção parlamentar, sonora (e querendo-se até tonitruante), para afrontar as legítimas relações bilaterais e multilaterais de Estados soberanos, nossos aliados. (E permito-me recordar que sobre esta questão escrevi "A CPLP e a Ucrânia" em 4.3.22). 

Ou seja, face à crescente interacção entre a ditadura russa e os nossos aliados PALOP (países africanos de língua oficial portuguesa) é desejável que a diplomacia portuguesa acompanhe o processo, tente contrabalançar um pouco a situação. Na surdina que lhe é virtuosa essência. Mas é descabido, pois até contraproducente, que isso sirva para a agit-prop cá no burgo.

Mas mais ainda: são consabidas as fortes relações, económicas e políticas, entre a Rússia e o nosso aliado PALOP (país americano de língua oficial portuguesa), traduzidas num relativo apoio do Brasil à investida de Moscovo na Ucrânia, tanto durante a presidência de Bolsonaro como na de Lula da Silva. Vai a IL chamar o MNE Rangel ao parlamento para que este avance o que irá fazer diante dessa situação? Não, como é óbvio.

Enfim, o que mostra isto? Que se pode tirar a criança do Império, mas não se tira o Império da criança. É certo, pode-se ser optimista, ansiar que a criança cresça, amadureça, se ilumine. E é por isso, por essa minha episódica vontade de optimismo (antropológico), que faço este pedido: dado o meu acima referido défice gráfico será que alguém dotado o suficiente poderá desenhar uma ilustração deste óbvio e enviá-la à sede da IL? A ver se amadurecem?

(Post-scriptum: nas próximas eleições europeias votarei na IL).

03
Mar24

Sobre a Ucrânia

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Em 23 de Novembro de 2021, no âmbito da relevante Liga dos Campeões de futebol, o crónico campeão alemão e sempre poderoso Bayern de Munique visitou o Dinamo de Kiev, este pálido legado do glorioso clube da era do grande treinador Valeriy Lobanovskyi e sua estrela magna Oleg Blokhin. Logo nesse dia os cultos e perspicazes jornalistas portugueses nos explicaram a realidade. E nisso nos auguraram o vencedor da Taça, para gáudio dos praticantes do Placard. Entretanto os imbecis incultos - caricaturas de pensantes - torciam pelo Sporting. Ou pelo Porto, ou Benfica...

Bloguista

Livro Torna-Viagem

O meu livro Torna-Viagem - uma colecção de uma centena de crónicas escritas nas últimas duas décadas - é uma publicação na plataforma editorial bookmundo, sendo vendido por encomenda. Para o comprar basta aceder por via desta ligação: Torna-viagem

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