Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Nenhures

Nenhures

02
Abr25

O Desplante de Desventura

jpt

banca washington.jpg

"Já viste a entrevista do Boaventura", perguntam-me?... "Sim!" respondo. E sobre o homem também já escrevi - várias vezes ao longo dos anos, de muitos anos, tanto (em registo de blog) sobre o seu "sacanismo" como (em registo "academês", aquele das notas de rodapé e bibliografia apensa) sobre o seu apatetado teor ideológico, um mero lusotropicalista de pacotilha (em ideário e em prática...), algo que contradiz tudo o que de "revolucionário" (enverhoxista, não se esqueça) foi balbuciando sob retórica vigorosa. E também o fiz agora, há algum tempo, sobre este "Affaire Coimbra", esta miserável abjecção que o recobre, de modo indelével.
 
Não me vou repetir. Mas deixo três apontamentos, dedicados àquelas (sim, o género é correcto) que sobre isto antes me escreveram com ... dúvidas (no registo "há mulheres que...", as "provocadoras...", "nunca se sabe...", "se lá estavam era porque...").
 
1. Há algum tempo o velho publicitou (afrontando a nossa etiqueta de recato) um lamentável diagnóstico de doença gravíssima de uma sua companheira colega. E usou-o para proclamar a sua inocência e o teor até assassino das suas acusadoras. Honestamente: nunca vi tamanha indecência. Tétrica, amoral.
 
2. Agora, em longa entrevista televisiva, gaba-se de ter sorte com as mulheres, de ser atraente. Sabe-se que a docência é composta de sedução e nisso tem uma dimensão de erotização (foi o Steiner que o escreveu, não sou a dizê-lo...). E nesse registo sempre lembro que dois dos meus melhores e íntimos amigos casaram com antigas alunas. Tendo começado os namoros... depois de terminado o vínculo docente. Há uma diferença gigantesca. Não de grau, mas de natureza.
 
Fui professor bastante tempo. As alunas (e as jovens colegas) têm uma característica: são novas, por si só um item de beldade. Algumas são belíssimas. E/ou interessantíssimas. Algumas são insinuantes - porque seduzidas ou porque atrevidas (aquilo do "comer o professor" também existe). "Raisparta" diz o homem comum... Ao longo do meu período docente estive escudado diante disso - de facto, mesmo que seja ridículo dizê-lo, eu amava a minha mulher, mesmo. Mas isso não impede que um tipo diga, sinta, "raisparta que esta miúda.... ah, se fosse no meu tempo!". Só que sempre pensei, e alardeei - e talvez por esse meu escudo amoroso - "uma aluna (ou uma jovem assistente, entenda-se), uma aluna é um homem!". Isto não é um homofóbico, é só um heterossexual a falar. Não estou a ser moralista, cada um vive o casamento como quer. Estou a ser deontólogo, um professor não tem "sorte com as mulheres".... Se estes alunas ou tuteladas. Pqp o velho!
 
3. Neste seu execrável e negacionista exercício retórico (proporcionado por uma estação televisiva) o velho coimbrão veio dizer que nos anos 60/70 todos diziam "galanteios", misturando as coisas, reduzindo as acusações de assédio sexual (carnal) e laboral (coisa terrível que abunda na universidade) a umas "bocas"...
 
Ontem estive horas com um amigo (camarada, "mano") e uma amiga, já dos "tempos". Mulher belíssima, divertidíssima. A partir das 3 ou 4 imperiais cumulei-a de galanteios, até para sorriso (cúmplice) do amigo... O melhor (ou maior) terá sido quando quis pagar a conta (dolorosa, decerto) e o empregado (lisboeta dos antigos) disse "a senhora já pagou", e eu resmunguei o "velha guarda" machista "então deixa a senhora pagar?!" e ele me respondeu, surpreendido, "então?!, julguei que eram o mesmo!!!". "Hé, pá, homem, esse é o maior elogio que me fazem desde há anos", exultei para gargalhada na mesa... Estes galanteios em 2025 importunaram, agrediram, pressionaram? Ou foram contextuais, simpatias inócuas, semanticamente perceptíveis e aceitáveis, entre pares? Entenda-se bem, o velho "sociólogo" enverhoxista coimbrão aldraba as relações, esconde as questões do poder...
 
4. Deixemo-nos de merdas, é inadmissível que uma estação televisiva que emite com alvará público dê espaço a mariolas. Pois é "deseducativo". E, acima de tudo, é ordinário.
 
Finalmente, o velho tem o desplante de afirmar que o agente que o "calunia" é o "neoliberalismo". Ilustro com esta fotografia, para aí com 20 anos, talvez da província de Nampula. Ou na Zambézia. Tão mítica como a argumentação dele. Mas não vergonhosa, ao invés da dele.

23
Mar25

5 anos após o Covid

jpt

covid.jpeg

Já se sabe que a memória - a pessoal e a colectiva - é muito selectiva. Fazemos um esforço por largar o lastro do que julgamos e sentimos desnecessário/desagradável. Ainda mais no que toca a efemérides e "números (ditos) redondos". Lembrei-me ontem que faz agora 5 anos que nos confinámos devido ao Covid. E não vi grandes ecos sobre o assunto...
 
Então eu - e a minha filha - fechámo-nos na quinta de amigo no dia 13 de Março. Em termos logísticos foi um confinamento de "luxo". Mas angustiante, claro.
 
Entretive-me a escrever um (longo) texto, partindo do "Tufão" de Conrad para tentar perceber o tão medíocre governo que tínhamos - e sem pitada de negacionismo, anticonfinamento ou antivacinas. Alguns amigos gostaram do texto. Encimei-o com uma fotografia do amigo Miguel Valle de Figueiredo (que na altura fez o livro "Cidade Suspensa", sobre a Lisboa confinada).
 
Enfim, foi um mau período. Deixou algumas sequelas. E a gente já nem quer ouvir falar daquilo... (Deixo a ligação para o texto, caso alguém ainda tenha paciência: "O Capitão MacWhirr e o Covid-19".

22
Mar25

Dinamarca-Portugal

jpt

fernando gomes.jpeg

Ontem ao fim da tarde fui ao "Cabeça de Touro" ouvir o que têm para dizer os membros de uma lista que se candidatará à Junta de Freguesia dos Olivais. Gostei - aqui a IL já está a reflectir, nisso a trabalhar, saúdo isso.
 
Depois segui ao vizinho "Flor do Minho", partilhei uma boa dobrada com amigo "dos tempos". A menina-minha-mais-que-querida foi mais frugal. Ao sentarmo-nos, eu a escolher ficar de costas para a televisão, perguntou-me ela - e também ele - "não queres ver o jogo?". "Não me interessa", ripostei, abancando sem cerimónias. "É a selecção...!", resmunguei, já com a manápula nas azeitonas.
 
Fernando Gomes era braço direito de Pinto da Costa. Depois foi delegado para a FPF. Ali escolheu Fernando Santos para seleccionador. Este teve o bambúrrio de ganhar um Europeu com uma equipa que não jogava nada. Depois, aquando da primeira Liga das Nações fez aquilo para o qual esta fora criada: jogar com os putos e os secundários. Ganhou!
 
Entretanto a FPF de Fernando Gomes fez com Santos um contrato para "dar a volta" ao fisco. E arrastou-o anos a fio como seleccionador, de desilusões e mau futebol feitos. Os ministros das finanças, o primeiro-ministro e o presidente? Adoravam-no, ao Gomes.
 
Depois, quando "aquilo" ficou insustentável, Gomes - presidente da federação de futebol num país onde há uma extraordinária "escola" de treinadores (4 na 1ª Liga inglesa, vários triunfantes no Brasil, outros nos luxos árabes, imensos mundo afora) - contratou um estrangeiro mediano, tornou-o - se calhar já sem contratos mariolas - um dos seleccionadores mais bem pagos do mundo. E o septuagenário Santos lá foi, mundo afora, amealhar porventura para pagar as inesperadas coimas.
 
Gomes foi condecorado (aquilo do contrato não o maculou). E foi para presidente do Comité Olímpico (aquilo do contrato não o maculou). E deixou-nos amarrados ao tal seleccionador. E a selecção nacional não joga nada, está até pior do que no tempo de Santos.
 
"Não queres ver o jogo?", surpreende-se a menina-minha-mais-que-querida, "Então, pá?", surpreende-se o meu-padrinho. Sorvo o gole da imperial, com as costas da mão limpo a espuma alojada na bigodaça. E ouço o Comendador Teixeira a perguntar: "como é que se condecora um gajo destes?", "isso é que eu queria ver, o marcelo a responder a isso".
 
Ainda a lambuzar-me com a dobrada (aviso, é boa a do "Flor do Minho") dizem-me que o jogo acabou. Perderam? Claro, "não jogam nada...." E não adjectivo nem aduzo interjeições. Pois está ali a menina-minha-mais-que-querida. Apenas reduzo tudo ao óbvio "não é a minha selecção".

22
Mar25

A "linguagem de rua" no blog

jpt

pcp.jpg

(Postal para o Delito de Opinião)

Há uns dias o Pedro Correia deixou aqui um postal referindo que uma simpática leitora do DO lhe confidenciara o seu desagrado pela utilização de palavrões neste blog. Acontece que por vezes eu me liberto da tenaz que a minha irmã e a minha filha constituem e deixo correr a "linguagem de rua" - serei o único a pecar entre os prezados (e educadíssimos) co-bloguistas, talvez haja algum comentador (mais ou menos anónimo) que me acompanhe nesse rumo de franqueza popular, assim também maculando o belo blog.

Ainda que ateu, penitencio-me por esses erros, advindos de graves falhas de personalidade. Pois quando vejo coisas como estas, isto dos deputados do PCP António Filipe, Paula Santos e Alfredo Maia (este último um tipo que foi durante uma década presidente do Sindicato de Jornalistas, o que imenso diz da "classe") não só recusando acolher com aplausos os visitantes parlamentares ucranianos mas, mais do que isso, dando-lhes as costas - não se trata apenas de uma recusa simbólica de aplauso, uma posição política, é mais do que isso - ocorrem-me alguns termos desagradáveis às simpáticas leitoras do DO.

E ocorrem-me outras coisas, neste perigoso registo de associação de ideias: um presidente da república estrangeiro, o ucraniano, é convidado a discursar na Assembleia da República. E um funcionário parlamentar deixa-se em dislates públicos apoucando o convidado e a situação. E nisso afrontando o órgão de soberania no qual trabalha. "O que é isto, então agora o pessoal menor tem estas atitudes?" dirá, curialmente, qualquer simpática leitora do DO. Eu, desse António Filipe, disse e digo outras coisas... E lembro-me do escritor comunista Mário Carvalho ("ai que belo escritor", dirão logo as educadas leitoras do DO) a clamar que os tipos das redes sociais (eu e outros) que associavam o PCP a posições pró-russas eram pagos para isso. E a filha dele, também escritora, choramingando junto ao Boaventura, ao Soromenho Marques e outros que tais, que eram "perseguidos", "censurados" e até "criminalizados" por serem inteligentes, iluminados e, nisso, ditos algo russófilos.  Ou seja, o Mário Carvalho pode dizer que eu sou uma puta, perdão, prostituta, e alguns outros também. Mas é a linguagem de rua que ofende, não o putinismo abjecto desta gente. E portanto eu não direi palavrões, não digo o que penso desse António Filipe, dessa Paula Santos, mais desse outro qualquer. E do Mário Carvalho e da sua velha pirralha. Para não ofender as senhoras...

Como também não digo o que penso dos democratas-cristãos, esses do zombie CDS, que muito apreciam Putin porque sabe distinguir homens de mulheres. Porque, como se sabe, os gajos do CDS são muito avessos a essas coisas da homossexualidade. Estes "gajos" (enfim, autocensuro-me assim...) não têm vergonha na cara.

Pois o problema, real, é o da "linguagem de rua". Não este lixo humano.

12
Mar25

O negrume de Montenegro

jpt

montenegro96825.jpg

(Presumo que a fotografia seja de Nuno Ferreira Santos)

Nós, os adeptos de futebol, somos cruéis. Na impiedade com que avaliamos - julgamos - os desempenhos dos profissionais. Na impetuosidade com que deles nos apropriamos para os nossos escapismos, quais catarses - para os nossos afectos, mesmo paixões, mas também para as raivas, até ódios. No despudor com que os usamos como matéria-prima para significar a realidade, despersonalizando-os como meros lexemas. Disso brotam enunciados dogmáticos que esclarecem o Universo: "Divino como Vítor Damas", "Belo como Jordão", "Demoníaco como Alberto", "Tosco como José Eduardo", diz no já muito usado missal da congregação que frequento. Corolário desta religiosidade popular emanou uma teologia, ecuménica, que à totalidade dá sentido, cuja liturgia se expressa em idioma próprio, sacro, apenas verdadeiramente cognoscivel pelos iniciados: o futebolês.

Foi nesse registo - cruel, repito, até desrespeitoso para com o aludido, e isso lamento, pois assim pecaminoso (mea maxima culpa, aliás "fiz penalti") - que em 4.1.2023 usei o bom nome do profissional Jorge Silas para significar Luís Montenegro, a este dizendo um evidente "erro de casting", uma má contratação, por assim dizer. E, na soberba do verdadeiro crente, insisti, em 28.9.2023, no púlpito pregando que "é já óbvio que Montenegro é uma espécie de Jorge Silas - o treinador de futebol que o Sporting contratara, crendo-o e anunciando-o como "the next big thing". E que veio a falhar rotundamente, por causas próprias e alheias". 

Espero que Jorge Silas - o qual me afiançam ser um homem decente e um honestíssimo e empenhado profissional, e ao qual desejo felicidades pessoais e sucessos laborais - me perdoe esta atrevida metáfora, se dela tenha tido ou vier a ter conhecimento. Não era algo pessoal, apenas a ladainha litúrgica a que acima aludo, cativando o que era consabido: as coisas no Sporting não lhe haviam corrido bem, acontece... E que era evidente que as coisas no PSD não iriam correr bem sob alguém com aquele perfil - o que não "acontece...", a política não é um jogo, não há "lesões" e "bolas à trave" ou "árbitros". Pois o futebolês tem imensos limites... teológicos.

O rumo de Luís Montenegro nas últimas semanas é ... denotativo do seu perfil, político. O qual é evidente, desde que assomou. A sociedade portuguesa actual já não é a do tempo dos caciques - da prevalência de "O Senhor Morgado" do Conde de Monsaraz, que o grande Adriano Correia de Oliveira cantou. Pois esta já longa democracia é a era dos "facilitadores". Montenegros. Há atrevidos que consideram ser este país uma espécie de "PME" e que por isso lhe basta um líder "facilitador". Mas não é, tal como não é um quartel ou fragata, tropa pronta a perfilar-se diante de um oficial general.

E ontem, aquilo que se passou na AR - um Primeiro-Ministro, seu governo e seu partido em míseras artimanhas, avanços e arrecuas, na arrogância do "bluff" com canino rabo entre as pernas - foi uma vergonha. Espero que calamitosa para uma "geração" partidária. Essa que agora se desdobra e desdobrará, comentadeira ou pomposa, a clamar ser alheia a "responsabilidade" desta trapalhada. E a qual não tem qualquer desculpa, estava desde há muito avisada: em 8.5.2023 um tipo que não é esquerdista tinha avisado - e a propósito do mesmo fluxo agora explodido - que o rumo de Montenegro era (e é, como se comprova) o de "Sócrates Vintage".

E não tem desculpa, essa "geração" partidária, porque é ela própria apenas isto. Um negrume. Agora o de Montenegro. Amanhã o de um outro qualquer "facilitador".

Espero, sinceramente, que a "moldura humana" não os deixe, sequer, "ir a penalties"...

12
Mar25

Só resta o futebolês!

jpt

observatrio_de_futebol__-_destaque.2e16d0ba.fill-7

O Sérgio de Almeida Correia fez o diagnóstico correcto do campeonato. Estamos a metade da primeira volta e isto está nivelado por baixo. Os plantéis estão fracos - há evidentes dificuldades em contratar no estrangeiro mas o pior é o lamentável estado das "academias", há demasiado tempo que os clubes não apostam na "formação"... E os treinadores não convencem. Com excepção do "milagreiro" do CHEGA F.C., qual Meirim ou Jaime Pacheco desta era, exímio cultor da táctica da biqueirada para a frente e do "passa a bola mas não passa o homem", bem adequada ao seu "grupo de trabalho", e que se vai aguentando na luta pelos "lugares europeus". De resto, poderemos ressalvar o trabalho do prof. Tavares, que vindo dos quadros da FPF, tem segurado o Académico LIVRE através de um silencioso "catennacio", o qual aparenta vir a garantir-lhe a manutenção primodivisionária. 

Quanto ao resto parece evidente o desajuste: Paulino, promovido do Desportivo de Beja para o Fofó PCP,  está condenado à descida e só manterá o lugar no banco devido às consabidas dificuldades financeiras da popular agremiação, assim impedida de entrar nas sempre custosas rescisões contratuais. Entretanto a aposta no futebol feminino não está a vingar. Já nos grandes grassa a desconfiança entre as "massas adeptas": "Monty" teve alguns bons jogos nas competições europeias mas a sua equipa é irregular, perde demasiados pontos, principalmente no seu reduto Espinho. Além de que tem imensos problemas disciplinares e segue sem o carisma, a rusticidade, para os suportar - pois não é Sérgio Conceição quem quer e a este falta-lhe o veemente apoio de Marcelo Pinto da Costa. Colado, com um jogo a menos, segue Santos, o "engenheiro do tenta", a impor um futebol triste, sem magia. E, pior, "sem golo".

No início da época entusiasmei-me e entrei em despesas, comprei um lugar cativo para acompanhar o Clube Estoril Liberal. Mas tem chovido imenso e não tenho ido aos jogos... Entretanto amigos mais atentos dizem-me que a equipa parece estar a jogar para ir a penalties.

Em suma, urgem as chicotadas psicológicas...

12
Mar25

"É para um amigo..."

jpt

cossaco.jpg

Como preâmbulo: no "Observador" Paulo Dentinho deixou um bom artigo, "O tempo dos autocratas", breve resenha do que se passa. Deixo excertos: "Aos poucos, estamos a assistir à ascensão de regimes iliberais, onde a fachada democrática se mantém, mas esvaziada dos seus princípios essenciais. (...) Orbán reivindica Budapeste como a capital do iliberalismo e a sua “democracia iliberal” é hoje um modelo exportável. Tem seguidores em vários outros países europeus. Mas não só.

Com o seu modelo, o Estado e as suas instituições são capturados a pouco a pouco. A separação de poderes desvanece-se, torna-se aceitável: o parlamento é quase irrelevante, a justiça dobra-se. A imprensa é vilipendiada até só sobrarem os jornalistas amestrados. (...)

Os imigrantes são, normalmente, bodes expiatórios, as organizações internacionais e o sistema global de alianças é desprezado. As elites empresariais alinham-se. E no centro de tudo, o culto do líder.

Com maior ou menor dose, Modi e Erdogan fazem também parte da lista. Já em Moscovo, Vladimir Putin tem um sistema ainda mais aperfeiçoado.

Na Rússia há eleições, mas só para validar resultados já decididos. Putin não governa, domina o exército, a justiça, os oligarcas, os serviços secretos, a imprensa, a justiça. Tudo. O modelo é claro: não se cala a oposição, alguma é mesmo tolerada por ser cúmplice. Mas eliminam-se os opositores não desejados. Simples.

E agora, os Estados Unidos. Nesta segunda presidência de Donald Trump há já alguns sinais reveladores. Internos e externos. Ambos exercidos com dose significativa de brutalidade.

Internamente, há uma obsessão em controlar a justiça e a comunicação social. Externamente, o alinhamento com Vladimir Putin é uma simples constatação. O presidente americano já não fala da Rússia como uma ameaça, mas como um parceiro. Desfez as alianças tradicionais. Não negoceia. Impõe. Distribui taxas alfandegárias como uma espécie de punição a uns, e ameaça com elas vários outros antigos aliados da América.

A ascensão dos autocratas não acontece por acaso. Deriva da crise do modelo liberal-democrático, da ausência de resposta ao crescimento das desigualdades, do ressentimento com o sistema político, da percepção real ou empolada da corrupção das elites.

Os autocratas detetam as falhas, oferecem respostas simplistas, frequentemente demagógicas e populistas: um inimigo, uma promessa de grandeza e uma narrativa em torno de um líder capaz de restaurar a ordem.(...)".

Neste contexto é interessante ver as reacções do pequeno bando de fascistas portugueses entusiasmados com o ressurgimento de Trump. Há neles duas dimensões: por um lado afirmam-se nacionalistas - e muito do  que  escrevem deriva, explicita ou implicitamente, da sua sanha contra a União Europeia que, dizem, põe em causa a "Europa das Nações", a estas dando primazia, essencial, ôntica, até sacra. E é relevante que nesse eixo de entendimento saúdam, até efusivos, as políticas económicas de Trump porque serão boas para os EUA. Glosando a velha frase - que é verídica e não crítica - assumem que "o que é bom para a General Motors é bom para os EUA". Mas, dado o seu reiterado "nacionalismo", é evidente que dela retiram um silogismo: "o que é bom para a General Motors é bom para os EUA e como tal é bom para Portugal". Ainda não vi escrito o raciocínio económico - que  não o político, social, cultural ou religioso - que sustenta esta conclusão. E este é exigível, exactamente por os locutores se reclamarem - se fundamentarem - no tal seu arreigado nacionalismo. Quero fazer-me entender: não reclamo uma justificação de teor político, tipo "nós (governos portugueses, "europa") temos más/custosas políticas". É mesmo económico - assente em visões de curto, médio ou longo prazo. É que se não houver essa abordagem, todo este apreço "nacionalista" pelo anunciado rumo económico americano e seus hipotéticos efeitos em Portugal assenta numa aversão aos interesses económicos portugueses. Uma traição, intelectual que seja. Ou, dado que o termo "traição" caiu em desuso, tornado até anacrónico, é uma convocatória para a resposta: "estes tipos que vão para a americana que os pariu".

Há uma outra via que sedimenta os apreciadores deste influxo autocrático. Está esparramada noutro texto do pluralista "Observador", do nosso José Meireles Graça. Onde opta pelo registo "É para um amigo..." - e sou particularmente sensível a esse rumo pois também tenho alguns amigos, um pequeno  ramalhete, que assim seguem. Nesse texto identifica-se o apreço por Trump e quejandos como suportado numa "guerra cultural", contra o politicamente correcto (dito agora wokismo). Esse sobre o qual o democrata Pedro Correia escreveu "Tudo é Tabu", interessantíssimo roteiro sobre as aleivosias do extremismo "identitarista". Pois para aquele "amigo" - e para a fileira destes "amigos" - é tamanha a angústia diante dos discursos das minorias dos que têm ansiedades sobre as respectivas genitálias, dos esparvoados académicos que querem "denunciar" a história, ou dos radicais racialistas, ditos "identitaristas", que preferem apoiar gente como Putin. Pouco importa que este seja um ditador assassino, cleptocrata e imperialista. Pois é defensável dado ser presumível adversário do conteúdo do programa da disciplina do ensino secundário "Educação para a Cidadania" - que estes seus mais ou menos tímidos apoiantes, já agora, nem sequer conhecerão, apenas lhes disseram que é um espaço onde ensinam os rapazolas a enrabarem-se uns aos outros.  

E nisto tudo, para além da abjecção de se andar a botar elogios a um ditador como Putin, invectivam-se os críticos de Trump - nós estúpidos (quiçá até um pouco wokistas) porque ficamos presos a análise do seu perfil moral e intelectual e não aos presumíveis ganhos das suas  políticas (os tais interesses americanos imaginados como se portugueses fossem...). Pois não é um questionamento político aquele que fazemos, será apenas ligeireza "pessoalista". Neste peculiar eixo de entendimento do que é "política" é saudável, pois anti-woke, que o presidente do mais relevante país grunha "ninguém ouviu falar do Lesotho" e à sua volta todos ululem gargalhadas. E que se louve por ter cortado apoios à pesquisa sobre "ratos transgénicos" , e mais gargalhem. Pois tudo isso, os lesothos e os ratinhos de laboratório e tantas outras coisas, é entendido como "wokismo" - o que é ainda sublinhável por provir de gente que não se coíbe de contestar a "investigação científica" "financiada". E que tem a ufana incultura de o ... escrever. 

De facto, isto é puro grunhismo. Não o do Trump. Não o do (refinadíssimo) Putin. Mas o dos "amigos...". E é um grunhismo fascista. Desavergonhado. 

12
Mar25

Astérix na Lusitânia

jpt

ventura.jpg

Recebo isto via Whatsapp e julgo que é um gozo, montagem. Mas parece que não, é mesmo uma publicação feita pelo deputado Ventura, professor universitário, antigo comentador futebolístico, candidato presidencial - e presumível futuro cabecilha da candidatura parlamentar do partido a que preside.
 
Que um partido tenha um deputado meio-maluco, que rouba malas e vende a roupa assim obtida? Enfim, é sintoma de alguma falta de critérios de selecção, talvez "dores de crescimento" rápido. Que tenha um dirigente que bebe até aos 2,3 ao balão? É grave - é o mais grave de tudo, entenda-se bem, muito mais do que "empresas de imobiliário" - mas é algo incontrolável pelos seus pares, "acontece nos melhores partidos". Que tenha um deputado que paga 20 euros a um rapazola para lhe chupar o pirilau? É uma desgraça!, pobre homem, que raio de vida, mas sabe-se bem, "acontece nas melhores famílias".
 
Agora que um partido tenha um presidente que se presta a estas figuras? Francamente, só mesmo o Chega! Que coisa...
 
(Chamem lá o Astérix e o Obélix)

06
Mar25

Vêm aí eleições?

jpt

pescador.jpg

(Fotografia de Stephan Vanfleteren)

Não está a chover e por isso - acolchoados nas vestes de inverno - alguns amigos agregam-se na esplanada do bairro, bebericando até à "abaladiça" do antes do jantar, como é hábito quase diário. Rodam os temas, os constantes, estruturais às (nossas) formas de estar locais - as imprecações contra o cadáver de Pinto da Costa, os achaques que acometem a vizinhança (e os seus estimados animais), a inaceitável junta de freguesia dos Olivais, notícias de bons restaurantes (re)visitados, séries das "netflixes" e quem deverá ganhar os óscares, até um ou outro novo livro folheado, a eterna questão, essa se Lage ou Borges. Mas também os da mera "espuma dos dias", simples e irrelevantes motes de convívio - laivos de resmungos com as rivieras de Gaza e da Comporta, insurgências com o trumpinismo, "como está aquilo  em Moçambique, Zezé?", a fealdade da Bemformoso. E, hoje, esta novidade, isto "do Montenegro", cai ou não, deve ou não ficar?

A roda das rodadas é variada, como é bom nisto do ombrear. Ninguém é "político" - se alguém o fosse tal seria até, presumo-o, motivo para o seu ostracismo, num quase certo "vai lá para o Parque das Nações", explícito ou subentendido... Mas (quase) todos tendem para o resmunguismo, dito opinativo. Nisso há, minoritários é certo, os mais dados ao Largo do Rato - por ora mais acabrunhados, menos loquazes nestas coisas -, ombreando com os laranjas agora tonitruantes, e um ou outro liberalóide, a mais a vertente Chega mas mansa, o desiludido bloquismo - decerto que matutando nas virtudes do prof. Tavares, mas sem o confessar -, ocasionais visitantes new age, atreitos ao vegetarianismo mas militantes das "minis". Enfim, no belo mosaico só me falta alguém dos "ortodoxos", essa espécie em vias de extinção, e disso dou conta - quando regresso a casa, pizza do Lidl na mão - ao Camarada Pimentel. "Pai, por aqui já não há ninguém do Partido!", repito-lhe e ele, todos os dias, me explica as causas disso: "a alienação promovida pela imprensa capitalista!". E eu, "afenal!" (como tanto se exclama em Moçambique), não deixo de lhe dar (alguma, alguma...) razão, pois sigo sempre resmungando com estes comentadeiros tão superficiais.

Mas adiante! Ou avante!, melhor dizendo... Pois hoje veio à tona esta das "moções", a tal do "Montenegro, deve ou não ficar?". Tópico que colheu o mutismo de alguns, desses já saudosos das geringonças - acabrunhados, já o disse, também porque descrentes com o plantel que têm para esta época, feitos uma esquerda "Villas-Boas" por assim dizer. E o geral desagrado de tantos outros, contestando a relevância da minudência de que o nosso Primeiro-Ministro é acusado, uma mera campanha politiqueira. E Portugal - afiança-se certeiramente - ainda para mais no meio desta situação internacional não precisa mesmo de instabilidade, de crises. E todos concordam, concordamos. 

Levanto-me, para ir lá dentro ao balcão buscar uma imperial. Faço a curial pergunta, "alguém precisa de alguma coisa?...", matizada forma de pedir mais uma rodada. E acrescento, sacaninha, "se este Montenegro fosse do PS que estaríamos aqui a dizer? Uns diriam "mata!!!". Eu diria "esfola!!!". Qual a diferença agora?". Promovendo assim o silêncio (concordante, concordante...) alheio. O qual logo aproveitei  para me escapulir, rumo à minha nova imperial. Assim me safando, por episódico acabrunhamento alheio, de ter de pagar mais uma rodada.

 

25
Fev25

"Zé, então e como está aquilo em Moçambique?..." (2): um novo ciclo

jpt

magma2009.jpg

(A fotografia retrata uma exposição da Magma Fotografia, na estação dos CFM de Maputo, em 2009. A fotografia exposta será de Solange dos Santos ou de Dominique Andereggen, não tenho a referência completa)

"Zé / Zezé, então e como é que está aquilo em Moçambique?...", perguntam-me diariamente amigos, agora que "as coisas" de lá se afastaram um pouco dos "escaparates" da imprensa. - escrevia eu há um mês. Agora perguntam-me menos, as notícias por cá escasseiam e outras questões prementes convocam o interesse: as nossas inúmeras trapalhadas do CHEGA, às quais se seguiram as previsíveis de Montenegro. Lá fora mantém-se a desgraça de Gaza, acoplada ao patético/pateta anseio de uma Riviera ali medrada. E, agora mesmo, a ascensão final da Criatura TrumPutinEsta tanto animando essa execrável mescla, vigente desde a invasão da Ucrânia, fez ontem três anos (!), dos nossos comunistas - das versões III e IV Internacionais - e fascistas - entre estes em especial os que estiveram estas décadas travestidos de "sociais-democratas" pêessedistas ou "demo-cristãos". Os quais andam agora, eufóricos pois "saídos do armário", quais "bichas loucas" em histriónica "parata fascista".

Enfim, olhando a História, percebemos que a revivemos. Pois a oriente temos hordas de guerreiros norte-coreanos rumo a Viena, os boiardos russos vão sendo defenestrados em massa, o pretendente Navalny foi morto há um ano (cumpriu-se há pouco). Entretanto, a oeste Drake vagueia pelas nossas costas, reforçado por frota de mercenários vikings, convertidos ao calvinismo africano. E há dias, arrogante, mandou-nos como emissário um puritano de Salem, para exigir "tributo". E esta nossa gentalha rejubila. Porquê? Por não gostar que "Roma" imponha alguns limites às superstições locais... São uns labregos, já o referi.

Neste ambiente como atentar nas coisas de Moçambique? Mesmo assim ainda há quem me pergunte novidades sobre o país. Faço então um curto resumo, para não cansar os (um pouco) interessados. O candidato presidencial Venâncio Mondlane, autoproclamado "presidente do povo", continua as suas sortidas, colhendo impressionantes e espontâneos banhos de multidão: agora em Vilanculos, há dias em zonas populares de Maputo e em localidades da sulista província de Gaza (a Gaza moçambicana, não a mediterrânica, como julgou o ex-viking Musk). Alguns dos seus seguidores mais próximos continuam a sofrer tentativas de assassinato, ditos como praticadas pelos consabidos "esquadrões da morte". A isso reage a população, destruindo algumas instalações estatais e do partido do poder, fenómenos mais correntes no Sul do país, algo relevante pois em zonas de tradicional adesão maioritária ao Frelimo. E continuam a grassar bloqueios rodoviários e em torno de zonas comerciais, sinalizando a imprevisibilidade do rumo nacional e a atrapalhação da "ordem pública". Como detalhe, verdadeira minudência, lembro que algumas rádios de Nampula viram-se impedidas de transmitir, tendo regressado algum tempo depois, decerto que tendo tomado em conta o "aviso à navegação" recebido. Bastante preocupantes são as notícias da disseminação de grupos amotinados (agora ditos "namparamas", num uso inovador do termo, que vem substituir as anteriores denominações "bandidos armados" ou "insurgentes"), os quais alastram, principalmente nos distritos da Zambézia. E diante dessa epidemia de "jacqueries" temo que se venha a tornar em pandemia.

Entretanto há dias houve a ansiada reunião do Comité Central do Frelimo, sobre a qual muitos diziam ser o momento da passagem do testemunho, efectivando uma maior autonomia política do actual presidente Chapo, abrindo assim o "novo ciclo" de poder - este por cá já há tempos "anunciado na tv" pelos comentadores lóbistas Paulo Portas e Miguel Relvas -, e concomitantes novas práticas de exercício governativo. 

E alguns dias após essa reunião magna houve pronunciamentos dos próceres moçambicanos, delineando o conteúdo desse "novo ciclo". O antigo presidente Guebuza deu uma conferência na semana passada, explicitando que "o colono trouxe a ideia que o africano é corrupto". Entenda-se, que a premente acusação de corrupção generalizada do regime se deve ... à maldade exploratória dos colonialistas. Para os alheados das questões moçambicanas (e africanas) esta formulação tem de ser esmiuçada, pois não é apenas uma diatribe. As elites políticas que ascenderam ao poder após as independências sempre se legitimaram pelo seu papel anticolonial. E o Frelimo sempre insistiu nesse tópico. Agora, 50 anos depois da independência, com o país naquele estado, face a uma população cuja esmagadora maioria tem menos de 35 anos - netos e bisnetos dos colonizados -, tentar insistir neste tópico (certeiro ou errado, pouco importa) é evidência de que a elite política (na qual Guebuza é importantíssimo) não compreende o real, não reflecte sobre ele. E assim nunca assumirá um qualquer "novo ciclo" (apesar do que por cá dizem os comentadores televisivos Miguel Relvas e Paulo Portas...).

Logo de seguida o novo presidente Chapo foi mais longe no sistematizar do conteúdo desse "novo ciclo": primeiro que a luta contra as "manifestações é a continuidade da guerra dos 16 anos". A expressão é um programa político: por um lado, o epíteto "guerra dos 16 anos" é um lema dos frelimistas (ladeado por outro "título", o de "conflito armado"), que nega a referência a uma "guerra civil", forma de então - e ainda agora - negar a realidade social da Renamo, reduzindo-a a marioneta de agressão estrangeira. E, por arrasto, afixando essa "inexistência" ao que se passa agora. Por outro lado, Chapo - mais novo que Guebuza - ao afirmar isto não só procura reduzir os manifestantes a agressores (externos) como busca a legitimação do poder na invocação da pacificação de uma guerra terminada há... 30 anos. E um discurso autolegitimador que, como o anterior, não colhe diante desta pirâmide etária. Ou seja, tanto pela negação sociológica como pela retórica autolegitimadora, a via do actual presidente sublinha que a elite política - e nesta caso a das fracções vigentes - não compreende o real, não reflecte sobre ele. E assim, repito, nunca assumirá um qualquer "novo ciclo"...

Depois, e para que não restem dúvidas sobre as suas intenções e as do poder instituído, foi a Pemba discursar e anunciou ontem que "Vamos derramar sangue para combater as manifestações", enfatizando ainda que "vamos fazer jorrar sangue"...

Enfim, "Zé/Zezé, então e como está aquilo em Moçambique?...", perguntam-me os amigos, diante da imperial do fim da tarde. "Não sei", respondo, entristecido. E aduzo, "tens de ir ouvir o Miguel Relvas. Ou o Paulo Portas. Ou o "senhor embaixador" Martins da Cruz"... ". Os amigos riem-se, solidários, juntam-lhe "Devias-te ter safo na vida, Zezé!!". E juntam, "vamos lá jantar ao Cabeça do Toiro" ou "à Flor do Minho". E come-se uma "crise", batatas fritas com ovo estrelado, ou, vá lá, uma meia dose de febras grelhadas.... Manjares de... não-lóbistas.

Bloguista

Livro Torna-Viagem

O meu livro Torna-Viagem - uma colecção de uma centena de crónicas escritas nas últimas duas décadas - é uma publicação na plataforma editorial bookmundo, sendo vendido por encomenda. Para o comprar basta aceder por via desta ligação: Torna-viagem

Arquivo

  1. 2025
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  14. 2024
  15. J
  16. F
  17. M
  18. A
  19. M
  20. J
  21. J
  22. A
  23. S
  24. O
  25. N
  26. D
  27. 2023
  28. J
  29. F
  30. M
  31. A
  32. M
  33. J
  34. J
  35. A
  36. S
  37. O
  38. N
  39. D
  40. 2022
  41. J
  42. F
  43. M
  44. A
  45. M
  46. J
  47. J
  48. A
  49. S
  50. O
  51. N
  52. D
  53. 2021
  54. J
  55. F
  56. M
  57. A
  58. M
  59. J
  60. J
  61. A
  62. S
  63. O
  64. N
  65. D
  66. 2020
  67. J
  68. F
  69. M
  70. A
  71. M
  72. J
  73. J
  74. A
  75. S
  76. O
  77. N
  78. D
  79. 2019
  80. J
  81. F
  82. M
  83. A
  84. M
  85. J
  86. J
  87. A
  88. S
  89. O
  90. N
  91. D
  92. 2018
  93. J
  94. F
  95. M
  96. A
  97. M
  98. J
  99. J
  100. A
  101. S
  102. O
  103. N
  104. D
  105. 2017
  106. J
  107. F
  108. M
  109. A
  110. M
  111. J
  112. J
  113. A
  114. S
  115. O
  116. N
  117. D
  118. 2016
  119. J
  120. F
  121. M
  122. A
  123. M
  124. J
  125. J
  126. A
  127. S
  128. O
  129. N
  130. D
  131. 2015
  132. J
  133. F
  134. M
  135. A
  136. M
  137. J
  138. J
  139. A
  140. S
  141. O
  142. N
  143. D

Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.

Contador

Em destaque no SAPO Blogs
pub