Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Nenhures

1243340144.0.jpg

Estive a ver o Atletico-Real, o derby de Madrid. Interroguei-me como foi possível que o moçambicano Reinildo tenha jogado durante anos no Benfica B e naquilo dito BSAD, praticamente incógnito, e seja agora titular do poderoso Atlético. Alguém esteve a dormir nos clubes nacionais. E na imprensa "desportiva"...
 
Mas o que me traz aqui ao Muro dos Resmungos é coisa bem diferente. Os jogos espanhóis - e de outros campeonatos - são transmitidos por um canal televisivo chamado "Eleven" (não percebo porque se dá alvará a canais com nomes estrangeiros, deve ser efeito da pandemia de pirosice que grassa). A locução dos jogos neste canal é penosa, pois intercalada com mensagens que os espectadores vão enviando ao canal. Ou seja, está o Modric a ultapassar o Koke e a lançar o Rodrigo e vem o desengraçado locutor anunciar que "A Carolina diz que hoje o Vinicius vai marcar um golo". E se o arisco Correa se enche de brios a fazer o que o flácido João Felix nem imagina somos informados de que "o Marco aposta que hoje alguém será expulso"...
 
Mau feitio, o meu? Pois então tomai nota, e vede se de mim discordais: 38 minutos, andava o Federico Valverde a por a cabeça em água aos "colchoneros" - registai, que o rapaz se prepara para fazer o mesmo à delegação portuguesa ao Catar, coordenada pelo engenheiro Fernando Santos. E diz o locutor, no intervalo da leitura dos "tweets" que vai recebendo: "Valverde vai de vento em pompa"...
 
É isto mesmo, tuítes, elevens e ventos em pompas... E o canal paga-se.

Moonlighting-stars-Cybil-Shepherd-and-Bruce-Willis

Moonlighting: S1 - Best of David Addison (Bruce Willis)

"Modelo e Detective" (Moonlighting) era uma delícia. Ela (Cybil Shepherd) lindíssima e divertida, ele (Bruce Willis, antes de ser "o" Bruce Willis) engraçadíssimo. Devo ter visto e revisto todos os episódios, naqueles magníficos finais dos 1980s. Do resto do que Bruce Willis fez lembro o "O Sexto Sentido" e o "Pulp Fiction" - das coisas mais sobrevalorizadas de sempre (excepto a boa banda sonora e o parelha Travolta/Jackson que era divertida). Os outros filmes são-me uma amálgama de zapping que não distingo, excepto, como é óbvio, um filme "africano" com a Bellucci. E este por razões que serão óbvias. Enfim, está doente, acabou a carreira. É mesmo o fenecer, constante, da nossa geração.

logo-cnn-portugal-1280x720.jpg

Há algumas semanas uma estação televisiva portuguesa - há pouco adquirida por um colectivo polarizado por um industrial dos transportes com propaladas ligações ao poder político - atribuiu um dos seus canais ao molde de negócios "franchising", alocando-o ao rótulo CNN. Fê-lo com alarido, a pompa e a cerimónia da gala pirosa, e o vasto apregoar de Doutores comentadores apresentados como "vozes livres e independentes". E logo continuou o seu rumo noticioso que, dizem-me amigos atentos, segue afável para com os poderes incumbentes.
 
Aquando da "abertura" do canal - de facto, um mero "face-lifting" - muita gente, até minha amiga, jornalista e não só, reparou no assunto e saudou a chegada do que se aventou como uma diferente forma de jornalismo televisivo, mais intensa e abrangente, mais problematizadora, se se quiser, ecoando alguma competência e o perfil da estação-mãe, a já velha CNN americana.
 
Hoje o popular SLB mudou de treinador. O tal canal-franchising esteve (pelo menos) entre as 13.45 e as 14.45 a falar do assunto (julgo que antes já estaria, e que terá continuado, apenas refiro o período em que a minha tv esteve ligada), focando a sala de imprensa do Benfica, vazia, enquanto um vasto painel de comentadores dissertava sobre o assunto, tudo emoldurado por um banda sonora repetitiva, um instrumental potenciador de ansiedade. Após as "importantes" declarações, ainda que curtas, do presidente e do treinador de futebol, o painel perorou durante alguns minutos sobre o verdadeiro conteúdo do abraço que ambos haviam trocado.
 
Ou seja, e goste-se ou não da CNN original, em termos de "franchising" isto é o mesmo do que um tipo ir a um Burger King português e comer bacalhau à Brás ou rojões à moda do Minho. Ou, para me centrar no "franchising" na imprensa portuguesa, comprar a National Geographic portuguesa e encontrar uma revista de tipas nuas ou o Le Monde Diplomatique português e receber uma revista de culinária. Por outras palavras, este canal da TVI é uma pura fraude. E são fraudulentos todos os tais Doutores comentadores que ali são colaboradores avençados (de facto sendo colaboracionistas em tamanha fraude).
 
Mas isso ainda é o menos... O que realmente me irrita é a patetice desses que eu conheço que ainda atentaram, saudaram e até aventaram sucessos, a esta tralha mais-do-que-anunciada. Como saberão os que por aqui passam, elementos femininos da minha família vedam-me o uso público do vernáculo. E não será em plena quadra festiva, ainda a 10 dias do libertador Dia de Reis, que vou agredir essa vontade das que me são tão queridas. Por isso fico-me com esta invectiva, dedicada a esses amigos ainda apatetados: ide comer filhoses!! E interpretem-na, à invectiva, como deve ser, pois ida de mim.

inesq.jpg

O Paulo Dentinho é um jornalista da RTP que, entre inúmeras outras tarefas, foi correspondente em Moçambique entre 1997 e 2000, papel no qual se muito se notabilizou. Foi então que nos conhecemos. E, decerto que pelo gosto nas memórias dessa época, de vez em quando tem a paciência de me aturar à mesa, local onde peroramos sobre os bens e os males do mundo.

O Dente é um grande repórter - o que se nota ainda mais num país onde escasseia esse tipo de profissional. E é um gajo porreiro, algo que em alguns segmentos da vida também escasseia. Enfim, há alguns anos um governo dito de "centro direita" - e o qual ele zurzia sistematicamente, algo "gauchiste" que segue - convidou-o para chefiar a informação do canal estatal, coisa inusitada no país que somos. Funções que exerceu durante alguns anos, seguindo com evidente sucesso a sua deontologia de "jornalista não amestrado". Passados alguns anos um outro governo, dito de "esquerda", substituiu-o, o que é normal dado não serem eternos os cargos. E por ser conhecido o apreço possidente pelos "amestrados", funcionários ou avençados. E a RTP emprateleirou-o, o que já não me parece assim tão normal. Ainda que seja, sabe-se, habitual.

 

 

41419_63754_76043.jpg

O José Navarro de Andrade (de quem sou co-bloguista no Delito de Opinião e no sportinguista És a Nossa Fé) estreou a semana passada o seu programa de entrevistas "Vamos Beber Um Café..." - que passa na RTP2 mas pode ser visto ad aeternum na RTP Play. O Navarro tem a coisa (muito) boa de ser um entrevistador que interpela os seus entrevistados, assim evitando a conversa mole e as proclamações autorais, até pomposas (estas muito em especial habituais nos consagrados). Vi hoje à tarde o primeiro programa: tem uma entrevista muito interessante com a escritora Djaimilia Pereira de Almeida (que acaba de publicar o romance "Maremoto"), a qual nunca li mas que decerto irei ler depois de a ver aqui. Pois é uma entrevistada como deve ser, sem poses, sem "atitudes", e cheia de pertinência e entusiasmo a falar do seu livro e da sua escrita. Segue-se uma entrevista com o escritor Jaime Rocha, a propósito da sua peça versão da "Filoctetes" de Sófocles - e de repente um tipo pode ver uma interessante e animada conversa sobre tragédia grega e sua refracção actual. Coisa rara e preciosa nos tempos actuais.

Deixo as entrevistas para quem tenha vagar...

(Vamos Beber Um Café..., episódio 1: entrevista a Djaimilia Pereira de Almeida)

(Vamos Beber Um Café..., episódio 1: entrevista a Jaime Rocha)

Gerente

Arquivo

  1. 2023
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  1. 2022
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  1. 2021
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  1. 2020
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  1. 2019
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  1. 2018
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  1. 2017
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  1. 2016
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D

Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.

Contador

Em destaque no SAPO Blogs
pub