Um novo Zippo
Há umas décadas a minha namorada deu-me um Zippo, que me era então preguiçosa ambição. Uns bons anos depois, já casados, perdi-o, deixado na mesa de cabeceira de um hotel em Providence, coisas de partida estremunhada e atrasada. Lamentei-o, muito mais a perda do que o mero Zippo. Nunca comprei outro, primeiro naquilo daquele ser assim insubstituível, e era-o. Depois devido àquela utopia do deixar de fumar... E fiquei indígena do mundo dos "bics" e similares.
Há dias, aqui na esplanada olivalense, um dos convivas usou o seu habitual isqueiro, coisa que lhe será até demasiado constante, diga-se... Não sei porquê, talvez o estalido, ou o cheiro da gasolina, ou talvez mesmo o número das "imperiais" havidas, a incendiarem a mecha da nostalgia, não sei porquê, dizia, atentei nisso, sorri-me num "Um Zippo!" e narrei-me, saudoso do tal estalido, do odor a combustível, e mais ainda, decerto, de ser aquele jovem ofertado.
E ontem o homem, verdadeira metade de um casal divertido, simpaticíssimo e elegante - e o bem que me faz assistir à elegância sem ademanes -, que conheci há bem pouco tempo, aparece-me café adentro com uma oferta: um novo Zippo e seus artefactos adjacentes. Fiquei desvanecido. Ou seja, este morcão comoveu-se...
E agora mesmo enrolei um Amber Leaf e estreei-o, ao novo Zippo. Uma cigarrada que me está a saber imensamente bem... Até a sentir-me rejuvenescido.